Da Terra à Mesa

“Portugal deve apostar em todas as agriculturas” sem esquecer a de prática familiar

A afirmação é de Nuno Russo, ex-secretário de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural e atual vereador da Câmara Municipal de Santarém, que sublinhou a relevância da agricultura familiar na economia nacional. Todos os tipos de agricultura contribuem, mas importa lembrar que 80% de todo o trabalho do sector é desenvolvido por agricultores familiares. A importância desta prática, os obstáculos e as soluções estiveram em debate no ciclo de Conversas Terra a Terra, organizado pela Associação dos Jovens Agricultores de Portugal (AJAP) com o Expresso como media partner

A evolução da agricultura nacional faz-se através do “desenvolvimento dos diferentes modelos” existentes e continuar a apoiar a agricultura de grande dimensão é importante, mas é preciso salvaguardar a prática familiar, explicou Firmino Cordeiro, diretor-executivo da AJAP. Em concordância, Nuno Russo, acredita que “Portugal deve apostar em todas as agriculturas”, incluindo a familiar, que representa 94% das explorações do país.

São 250 mil explorações que ocupam território que de outra forma estaria “abandonado” e onde os agricultores familiares desempenham um importante papel nas atividades de limpeza de terrenos e florestas. Além disso, produzem “com qualidade e para o consumo regional”, fornecendo o país, mas também contribuindo para as exportações e economia nacional.

No entanto, a rentabilidade continua a ser um desafio. Para que tenham o rendimento devido, são precisas “medidas específicas para a sua realidade” e, neste sentido, a criação de “uma rede de municípios com o pelouro da agricultura” poderia fazer parte da solução. São já 50 os municípios com pelouros ligados ao sector primário e entre os quais se poderia construir uma rede de partilha de informação para replicar práticas de sucesso entre territórios. “Se todos tivessem essa aptidão e competência, o sector seria mais desenvolvido”.

Para Gonçalo Ribeiro Telles, consultor político, os obstáculos só serão ultrapassados se o sector for “mais bem remunerado”, mas sem esquecer a importância de criar políticas concretas que considerem as diferenças entre regiões e tipos de agricultura.

Este projeto é apoiado por patrocinadores, sendo todo o conteúdo criado, editado e produzido pelo Expresso (ver Código de Conduta), sem interferência externa.