Da Terra à Mesa

Ora amargo, ora doce… assim é o mel da serra de Monchique

Terão sido os romanos os impulsionadores da apicultura em Caldas de Monchique, no Barlavento algarvio, onde a flora diversa é crucial, para as abelhas produtoras de mel da serra de Monchique. “Da Terra à Mesa” é um projeto Boa Cama Boa Mesa que dá a conhecer os produtos portugueses a partir de histórias inspiradoras e de sucesso, desde a produção até ao consumidor, em casa ou no restaurante

Foto: JAIME REINA/AFP via Getty Images

António Maria Valério, de 61 anos, é apicultor desde sempre. “Vem de família” este ofício dedicado às abelhas Apis melifera (espécie que produz o mel da serra de Monchique) e extração do mel e derivados. “Começou com o meu pai, que tinha umas dezenas de colmeias.” Com a passagem do tempo, o número enxames de abelhas foi aumentando.

Hoje, o apicultor tem seis centenas de colmeias dispersas pela serra de Monchique, no Barlavento algarvio. Já a quantidade de abelhas depende da época do ano. “No inverno, tem entre dois a três milhares. Na primavera, a quantidade de abelhas aproxima-se das cem mil” por colmeia.

Mel da Serra de Monchique
Foto: António Valério

O conjunto de espécies vegetais permite obter méis distintos, consoante a estação do ano. A floração dos rosmaninho, da esteva, das muitas árvores de fruto plantadas nos pomares próximos da serra de Monchique conferem uma riqueza enorme ao produto. “O mel é mais fino, é mais doce e apresenta uma cor mais clara”, declara António Maria Valério.

De inverno, vinga a floração do medronheiro, do eucalipto e dos vários espécimes de urzes. O resultado traduz-se num mel “de cor mais escura, de sabor um bocado mais ácido, mais amargo, e tem uma textura mais espessa”. Além disso, cristaliza mais do que o mel produzido na primavera, característica relacionada com a floração. Apoiar a proteção do ambiente e a luta contra as alterações climáticas e contribuir para a consecução dos objetivos da união relacionados com o ambiente e o clima, bem como reforçar o tecido socioeconómico das zonas rurais e contribuir para a proteção da biodiversidade, melhorar os serviços ligados aos ecossistemas e preservar os habitats e as paisagens são prioridades para o programa da PAC compreendido entre 2023 e 2027.

Mel da Serra de Monchique
Foto: António Valério

Da cresta à decantação
Ao processo de colheita do mel é dado o nome de cresta e esta ocorre duas vezes por ano. A primeira recolha faz-se em junho, julho. Este procedimento consiste em retirar os quadros das colmeias, quando o mel está coberto com uma camada de cera, parte da qual é colocada novamente nas colmeias nas respetivas estações; a outra parte é canalizada para a indústria. A custa repete-se em janeiro, após a floração de inverno.

Nestes dois períodos, o mel passa pelo extrator, é dividido em potes e submetido à decantação, ou seja, são retirados os resíduos de cera que se acumulam no cimo. Segue-se o período de repouso por três meses, findo os quais é centrifugado e embalado em boiões de vidro.

Além do mel da serra de Monchique, António Maria Valério produz pólen. Ambos os produtos estão disponíveis para venda no comércio local existente dentro do concelho de Monchique, que tem os romanos como os grandes percursores da apicultura em Caldas de Monchique.

A sustentabilidade social, ambiental e económica na agricultura e nas zonas rurais são linhas orientadoras da PAC - Política Agrícola Comum que, em Portugal, tem como objetivos principais valorizar a pequena e média agricultura, apostar na sustentabilidade do desenvolvimento rural, promover o investimento e o rejuvenescimento no setor agrícola a a transição climática no período 2023-2027.

“Da Terra à Mesa” é um projeto Boa Cama Boa Mesa que dá a conhecer os produtos portugueses a partir de histórias inspiradoras e de sucesso, desde a produção até ao consumidor, em casa ou no restaurante.