Uma das mais conhecidas broas do país, principalmente a norte, é também um motor de promoção da vila de Avintes, em Vila Nova de Gaia, a “Terra da Broa”. É confecionada com uma mistura de farinha de milho e de centeio, tem uma cor escura, um paladar específico, um formato particular, de paralelepípedo, é densa e muito húmida.
Segundo dados fornecidos pela Direcção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, “o fabrico de pão de milho em Avintes deve-se ao rei D. Dinis (1261-1325) quando o monarca proibiu a cozedura de pão no Porto”, tendo as padeiras de trigo ido para Valongo e as de milho para Avintes. Contudo, acrescenta a mesma fonte, “o fabrico da atual Broa de Avintes só é citado pela primeira vez num Alvará datado de 16 de setembro de 1563”.
Na Padaria Arminda & Neto, a mais antiga da freguesia, faz-se broa há mais de 200 anos. Começou em 1812 e vai na quinta geração, conta Arminda Neto, de 64 anos. “Casei com o meu marido, que era padeiro, e virei padeira.” E já lá vão mais de 40 anos a promover o emprego, o crescimento e a igualdade de género, de acordo com os objetivos da PAC para o período compreendido entre 2023-2027.
Feita com farinha de milho e farinha de centeio portuguesas, água e sal, não tem corantes nem levedantes. “O que a faz levedar é a massa mãe, que é a massa do dia anterior. Toda a gente fala disso agora mas o pão de antigamente era feito assim.” A receita, essa, é a mesma. “Hoje em dia temos uma amassadeira e antigamente amassava-se à mão. De resto, na broa, não há diferença nenhuma”, garante.
Haja broa para festejar
O número de fornadas diárias depende da altura do ano. “No início do ano é mais fraco”, fazendo apenas uma fornada por dia. Mas no São João, no Natal e na época da Festa da Broa, que acontece anualmente, entre agosto e setembro, o trabalho é muito. Consumida em alturas festivas, com caldo verde, sardinhas, chouriço ou mesmo frita, como petisco, a confeção Broa de Avintes, o único produto desta casa, requer técnica e tempo.
“Chegamos às três horas da manhã e os fornos, côncavos e de tijolo burro, são aquecidos com lenha de pinho. O pão só sai às nove, fica três horas no forno”, conta Arminda. “O sabor a lenha faz muita diferença.” Antes, são tendidas à mão, uma a uma. Por serem colocadas no forno muito próximas, as broas praticamente não têm côdea nas laterais, exceto as que ficam encostadas às paredes do forno. “O calor concentra-se mais em cima”, explica Arminda.
A sustentabilidade social, ambiental e económica na agricultura e nas zonas rurais são linhas orientadoras da PAC - Política Agrícola Comum que, em Portugal, tem como objetivos principais valorizar a pequena e média agricultura, apostar na sustentabilidade do desenvolvimento rural, promover o investimento e o rejuvenescimento no setor agrícola a a transição climática no período 2023-2027.
“Da Terra à Mesa” é um projeto Boa Cama Boa Mesa que dá a conhecer os produtos portugueses a partir de histórias inspiradoras e de sucesso, desde a produção até ao consumidor, em casa ou no restaurante.