Entre couscous e lenços berberes, saiu a oferta: "2000 mil camelos pela portuguesa!" Cada um vale mil euros... a partir daí, como diria o outro, é fazer a conta. Até eu fiquei tentada a sacrificar-me em prol de uma frota de camelos para o Guincho!
A oportunidade de negócio aconteceu em Marraquexe. E, obviamente, foi apenas uma brincadeira para turista rir. De poligamia e casamentos forçados parece já haver pouco. Numa viagem privilegiada ao universo familiar marroquino, dei por mim agradavelmente surpreendida pela ternura, amor e respeito daquela gente.
Cá fora elas andam de cara tapada, nas quatro paredes são mimadas por maridos carinhosos que as cobrem com mantas quando adormecem no sofá e tratam dos filhos com a dedicação da melhor mãe galinha. Fraldas e biberões não metem medo aos supostos homens austeros das arábias. Pelo contrário: são um prazer.
Em Marraquexe as mulheres são como em Lisboa: gostam de ir às compras, são vaidosas, apaixonam-se, divorciam-se, usam óculos de sol Gucci, encontram-se à noite para meter a conversa em dia, trabalham fora de casa. No seio da família, são elas que muitas vezes vestem as calças.
Regresso a Portugal despida de preconceitos e sem camelos (por mais que tenha engraçado com os bichos). Numa publicidade sobre o turismo em Marrocos que vi em Madrid, lia-se a seguinte frase: "Há países que engrandecem a alma". Eu não diria melhor.