A vida de saltos altos

Como andar de salto alto e (tentar) não cair nas ruas portuguesas

Sofia Rijo (sapato nº 39) (www.expresso.pt)

Ora aqui está uma tarefa digna de uma super heroína. Digam o que disserem é um risco que todas corremos, quase que diariamente, para poder ostentar "aquelas" sandálias, botas ou stilletos. Por isso nada feito, a calçada portuguesa é totalmente incompatível com saltos e capas dos mesmo, por isso é por nossa conta e risco que continuamos a gostar de arriscar.

Já há uns anos atrás levava eu uns botins cor de vinho, quando, a descer um degrau fiquei com o salto numa grelha. Continuei com esperança de encontrar numa das ruas um sapateiro, mas andei nada mais, nada menos que vinte minutos, em pontas dos pés, até conseguir encontrar um, o único da Avenida da Liberdade, certamente, que ficava na estação de metro dos Restauradores.

Não acho nada justo, porque a final a média de mulheres que já ficaram com um pé preso numa pedra, a capa numa grelha, ou mesmo com o salto na mão a descer um degrau seriam em número, e com razão suficiente, para que esta profissão estivesse em franca ascensão e presença, nas ruas de Lisboa.

De Lisboa a Nova Iorque

 Meninas fossem os nossos passeios como as ruas de Nova Iorque e talvez tivéssemos mais sorte e pudéssemos andar mais de saltos altos. A conclusão a que chego é que não há nem milagres, nem mulher que não tenha caminhado (e eu confesso que já tropecei e torci o pé algumas vezes) nas ruas de Lisboa de saltos, e sejam eles stilettos, plataformas, cunhas ou pumps, e até mesmo rasos, que não tenham sofrido as agruras de caminhar na calçada sofrer com as incompatibilidades, que esta invejosa tem com os nossos modelos esteticamente atrativos.

Apesar de tudo continuamos a tentar, afinal, se até as modelos em passerelle dão as suas quedas, o que dirá a mais comum das mortais.

Efetivamente as probabilidades de queda e entorse baixam apenas caso, no dia em que escolhemos calçar os saltos mais altos, e atenção que não estão incluídas festas e saídas noturnas, jamais utilizemos transportes públicos, façamos compras ou empurremos qualquer tipo de carrinho, seja ele dos filhos, sobrinhos ou do supermercado - e claro está apenas nos desloquemos de automóvel (o meu truque nestes casos é ter sempre no porta-bagagens umas sabrinas para calçar enquanto conduzo, que troco antes de sair do carro).

Andar de saltos altos é por si só já uma tarefa, redobrada em calçada, mas que faz rodar todos os pescoços na nossa direção, ou não estivesse provado pelos ditames da moda que um salto alto modela as pernas, fá-las parecer mais altas e torneia o rabo, tornando-o muito mais bonito.

Dicas para andar de saltos altos (com vídeos)

Apesar dos riscos associados, vale a pena fazer sair das caixas aqueles sapatos pelos quais perdemos a cabeça, e mesmo que não os usemos todos os dias (ninguém aguenta, e a partir dos 65 anos os nossos pés vão fazer questão de nos cobrar as aventuras) vale o bem que nos faz ao ego.

Aqui ficam algumas dicas para aprender a andar de saltos altos, com a advertência de que não existem milagres, e a calçada portuguesa é mesmo a nossa maior inimiga.

- Calce todos os dias sapatos de salto alto e ande uns minutos com eles pela casa, assim vai-se habituando e treinando o equilíbrio,

- Não descarregue todo o peso do corpo no sapato, faça-o apenas na base do pé;

- Não dobre os tornozelos nem flexione os joelhos;

- Para começar o treino, encoste-se a uma parede e sinta o contacto da cabeça e do rabo. Partindo desse ponto avance com um pé e outro, seguindo uma linha imaginária, em passos curtos e precisos;

- Para quem tem uns quilinhos a mais, ou pouca falta de equilíbrio baixe a fasquia, comece com saltos mais baixos ou mais amplos, tipo pumps;

- As iniciadas têm de começar com saltos baixos, entre 5 e 7 centímetros. O nível avançado mede-se a partir dos 10 centímetros.

 

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