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ARQUIVO Ócio

Dançar pela noite dentro

“Quero sair, viajar.” O destino e a companhia já estão escolhidos: “Pegar na família e percorrer a Ásia de mochila às costas com a Mónica [Franco, a mulher de Ljubomir] e os miúdos

Tiago Miranda

O exercício é duro: nenhum “sonho do dia seguinte ao fim da pandemia” devia assentar em dois prazeres que apenas há um ano todos nós víamos como adquiridos. Mas os tempos mudaram e é importante recordar que a nossa vida não é isto, mas sim tudo o resto que tínhamos e eventualmente nos será devolvido: é por isso que o primeiro sonho do chefe Ljubomir Stanisic tem tudo a ver com comida e ao mesmo tempo tem zero a ver com comida: “Quando a pandemia acabar, vamos reunir a família e os amigos num grande jantar à volta do fogo, dançar pela noite dentro e recuperar todos os brindes, beijos e abraços que ficaram por partilhar.” A este momento de felicidade, o chefe bósnio acrescenta uma pitada de vingança simbólica: “E se der, queimamos ali mesmo todas as máscaras que nos cobriram estes meses.”

O segundo prazer em lista de espera também parece hoje um sonho distante, mas certamente deixará de ser num futuro próximo: “Quero sair, viajar.” O destino e a companhia já estão escolhidos: “Pegar na família e percorrer a Ásia de mochila às costas com a Mónica [Franco, a mulher de Ljubomir] e os miúdos.” Esta seria, também, uma pequena-grande vingança contra o vírus, pois concretizaria a retoma de um projeto que, apesar de recente, parece já ter sido planeado há muito tempo: “Era um plano que tínhamos para março de 2020 e que tivemos de adiar por causa da pandemia.”