No dia 10 de setembro, em entrevista à Antena 1, o ministro da Educação, Fernando Alexandre, garantia que em “98%/99% das escolas os professores estão todos colocados, os alunos vão ter aulas a todas as disciplinas”. Estes valores foram de imediato contestados e nesse mesmo dia as contas feitas para o Expresso por Davide Martins, professor de Matemática e colaborador do blogue De ArLindo, especializado em Educação, davam conta de que pelo menos 9% das escolas tinham um professor em falta.
Agora, doze dias depois, são os números fornecidos pelo Ministério da Educação, Ciência e Inovação a mostrar que as contas de Fernando Alexandre no arranque do ano letivo eram pelo menos demasiado otimistas. Os dados publicados pela agência Lusa revelam que falta, pelo menos, um professor em 78% dos agrupamentos das escolas públicas e há 38 estabelecimentos com mais de 10 horários por preencher, a esmagadora maioria nas zonas de Lisboa e Península de Setúbal. Ora, se a cada agrupamento corresponder apenas uma escola sem professor (e um agrupamento tem sempre mais que uma escola) isto significa que pelo menos 635 escolas têm falta de docentes, o que equivale a cerca de 12% das 5400 escolas existentes no país.
De acordo com os dados da Agência para a Gestão do Sistema Educativo, à data de 17 de setembro, havia pedidos das escolas para ocupar 2.410 horários, dos quais 1.042 (43%) completos. Estes dados vão variando e na verdade agravaram-se na primeira semana de aulas. No universo de 810 agrupamentos de escolas ou escolas não agrupadas, faltava, pelo menos, um professor em 635 (78%), mas há 38 estabelecimentos onde a situação é mais grave.
Nessas 38 escolas, contabilizavam-se mais de 10 horários por ocupar, sendo que em 11 faltam, pelo menos, 10 professores para horários completos.
Os dados confirmam que as dificuldades no recrutamento de professores se mantêm sobretudo nas zonas de Lisboa, onde há 20 escolas com mais de 10 pedidos de horário, e na Península de Setúbal, com cinco escolas na mesma situação.
Por grupos de recrutamento, as disciplinas com maior carência também não são novidade e, à semelhança de anos anteriores, destacam-se o pré-escolar, a educação especial, Português do 3.º ciclo e Informática.
Ainda assim, há 16.400 professores com habilitação profissional que ainda não obtiveram colocação.