Em conversa com o jornalista Pedro Miguel Coelho, Francisco Pires de Miranda explica que a abordagem usada pela Class of Wonders “consegue incluir os alunos migrantes de forma eficaz, permitindo que brilhem no sistema público”.
Através de jogos interativos, que podem ser usados em formato físico ou digital, este engenheiro do Técnico que também teve as suas dificuldades ao longo do processo escolar, dá conta de um trabalho desenvolvido para preparar a sala de aula “para ser mais inclusiva”, e para que estes estudantes “aprendam português rapidamente e se integrem na cultura”.
“Os novos alunos que temos, agora do Sul da Ásia, são bons alunos, em regra são da ‘elite’ dos países de origem, e por isso têm grande capacidade de progressão, só não sabem ainda falar português”, realça. “E quando se dá as ferramentas para que progridam, eles brilham nos nossos sistemas públicos e isso fica muito óbvio para as escolas que os acolhem”, adiantava neste episódio publicado durante o verão.
Estes jogos facilitam algo fundamental para o desenvolvimento: que estes alunos estejam integrados em turmas com alunos portugueses. “Porque tu aprendes é com os teus pares, que são locais”, assinala, sublinhando também o contributo que esta integração dá para a aprendizagem da cultura e língua portuguesas, e também para que os alunos portugueses “conheçam outros hábitos e outras realidades”.
Alunos migrantes estão em todo o país, mesmo nas zonas rurais
“Esta ilusão, que eu também tinha, de que isto acontece nos grandes centros urbanos até é ao contrário”, explica. “Em certos sítios mais rurais, por causa da proveniência de mão de obra para a agricultura, há muitas escolas a ter [alunos estrangeiros]”, detalha.
Francisco realça que é ótimo que isto aconteça, até porque tem mantido e recuperado “escolas que estavam a fechar”. “Estamos com uma saúde demográfica diferente, mas ao mesmo tempo, para o professor, se tivermos o modelo de ensino tradicional, que é mais diretivo, como é que faz? O maior segmento de crescimento entre alunos imigrantes não fala português”.
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