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Ensino

“Não têm aí quem queira vir aqui dar umas horas?”: já foram contratados 3100 professores sem formação, há alunos sem uma aula de Português

Número diz respeito ao 1º período e já supera todo o ano passado. Reformas em janeiro batem recorde dos últimos 10 anos. Há escolas em Lisboa onde os alunos ainda não tiveram aulas este ano a Português, Inglês ou Ciências, pais estão revoltados: “Isto é inconcebível”

O Ministério da Educação tomou medidas este ano para agilizar a formação e tornar a carreira mais atrativa
Estela Silva/Lusa

O ano letivo de 2023-2024 iniciou-se de forma bem mais tranquila do que o anterior, marcado por uma longa vaga de greves e protestos. Mas nem por isso os problemas, que já vinham de trás, ficaram resolvidos. Antes pelo contrário: perante o número crescente de aposentações (e também de baixas) e a insuficiência de candidatos disponíveis para dar aulas muitas vezes fora da sua área de residência, dezenas de milhares de alunos começaram o ano sem professor a uma ou mais disciplinas. O 1º período termina esta sexta-feira e há mesmo quem não tenha tido uma aula até agora. Em muitas situações — muitas mais do que em anos ante­riores — as escolas tiveram de recorrer a licenciados sem nenhuma formação em Ensino.

De acordo com números do Ministério da Educação facultados ao Expresso, desde 1 de setembro até esta semana foram colocados 20.093 docentes para substituir outros que entraram de baixa ou que, entretanto, se aposentaram. Destes, 3135 (15,6%) não têm formação pedagógica, ainda que tenham formação científica na área que foram chamados a lecionar.