O Bairro Agra, na freguesia de Campanhã, já está todo enfeitado com luzes e bandeirinhas coloridas para receber o São João, mas aos moradores daquela ‘ilha’ – tipo de habitação operária típica do século XIX – sobram poucos motivos para celebrar. A população, já envelhecida, vive dias de incerteza e as noites, essas, são passadas sem pregar olho. Licínio Ribeiro, de 83 anos, ainda se recorda com exatidão da data 1 de agosto de 1968, quando se mudou com a mulher, Maria Adelaide, de 84, para a casa onde a filha Regina “já foi arranjada”.
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“Uma grande parte da minha vida cai com esta casa”: TGV atropela a vida de moradores das ‘ilhas’ de Campanhã que não têm para onde ir
O pai de Fernanda Bernardo era maquinista e com muito custo conseguiu construir a casa que está em risco de ser demolida em Campanhã por causa da nova linha de alta velocidade. “Isto só veio piorar a minha depressão profunda. Vou para a cama, começo a matutar e não durmo. Estou sempre em sobressalto”, conta a moradora, de 56 anos, que não tem para onde ir. Os moradores queixam-se de que ninguém falou com eles. “E agora vai tudo para o olho da rua? Não somos bichos”