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Inflação: “As medidas do Governo para apoiar as famílias vão no bom sentido. Só que são curtas”, diz Susana Peralta

A população mais pobre vive sem margem para acomodar o atual aumento generalizado dos preços e precisa de um apoio “mais generoso e duradouro”, defende a economista e professora da Nova SBE

NUNO FOX

O apoio de 60 euros destinado a compensar o aumento do preço dos bens alimentares vai ser pago na próxima semana a cerca de 762 mil famílias e, em maio, a mais 68 mil agregados. Além dessa prestação, paga uma única vez, algumas famílias terão direito a receber 10 euros por mês para compra de uma botija de gás, entre abril e junho. O problema é que essa ajuda é "insuficiente" para compensar o efeito da inflação no aumento das despesas.

Quando mesmo os bens alimentares mais básicos e habitualmente mais acessíveis estão a ficar mais caros, a situação agrava-se. “As carências podem estar ao virar da esquina”, alerta Susana Peralta, economista, professora da Nova SBE e uma das coordenadoras de um estudo recente que mediu o efeito da inflação nas despesas das famílias portuguesas.

Os apoios anunciados pelo Governo para as famílias mais pobres não vão além de junho. É um erro não prolongar estes apoios?
Parece-me evidente que o cenário de inflação vai durar mais do que três meses e, de resto, já dura desde a segunda metade de 2021. As pessoas até agora não tiveram qualquer compensação. Se as famílias receberem 60 euros para todo o ano, estamos a falar de 5 euros por mês para ajudar nas despesas de alimentação.