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São Jorge: reportagem na ilha onde os sinos dobram por vulcões

Terra treme, responsáveis preparam retirada de cinco mil pessoas, crise sísmica pode transformar-se em algo pior

Paisagem da ilha de São Jorge, nos Açores
António Araújo/Lusa

Vocês são jornalistas? Desculpem meter-me na conversa, mas também vim para cá por causa dos sismos.” Foi assim que começou o diálogo entre João Fontiela, sismólogo da Universidade de Évora, e o Expresso. Na sala de espera do Aeroporto das Lajes, na ilha Terceira, a mesa inóspita que acabou por servir de base à conversa contrastou logo com o entusiasmo do investigador. Esperávamos pelo avião que nos levaria a São Jorge, a ilha para onde seguiram vários jornalistas e onde se centram as atenções das restantes oito do arquipélago e do país. “Isto é uma oportunidade única, independentemente do que possa ser, é único”, repetiu várias vezes.

João Fontiela trouxe na mala 15 estações sísmicas do Instituto Dom Luiz da Faculdade de Ciências de Lisboa, que, com a ajuda de outros dois colegas investigadores, vai instalar por toda a ilha de São Jorge. “Neste momento há sensores na ilha. Os que vão ser instalados agora é que têm uma configuração específica para detetar o empolamento [do solo]. Se as estações GPS se estiverem a afastar entre a parte norte e a parte sul, quer dizer que estamos a ter uma deformação crustal, o magma está a ascender”, explica o sismólogo. Seguiram-se vários minutos de possíveis explicações de cenários que pudessem surgir.