Sociedade

Hackers do Lapsus$ Group perguntam o que devem “vazar” primeiro na Internet

Mensagem de piratas informáticos que atacaram o Grupo Impresa há quase dois meses surge um dia depois de se tornar conhecido o ataque ao MNE

Os piratas informáticos que invadiram os servidores do Grupo Impresa, o Lapsus$ Group publicou na sua página do Telegram uma ‘votação’: “O que devemos “vazar” primeiro”? Os dados da Impresa, os dados da Vodafone ou os de uma operadora telefónica, a T-Mobile?

A publicação desta mensagem não prova que os piratas informáticos sejam os que atacaram a Vodafone, um ataque que não tinha sido ainda reivindicado, ao contrário do que aconteceu ao Grupo Impresa. “Pode ser apenas uma provocação”, conta ao Expresso uma fonte que tem investigado estes crimes informáticos.

Esta mensagem surge um dia depois de se tornar público o ataque aos serviços informáticos do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que ainda não foi reivindicado.

À TVI, o ministro Augusto Santos Silva assegurou que a “informação confidencial não está comprometida”. “Infelizmente, nos dias que correm estamos sempre sujeitos a ciberataques, a que vamos respondendo e superando”, afirmou o ministro. E garantiu que está ser feito “um investimento muito forte para robustecer as redes informáticas do MNE”.

O serviço de email de diplomatas e do pessoal do Palácio das Necessidades foi afetado na sexta-feira. “Na segunda-feira ao início da manhã não tínhamos acesso aos emails nem à telegrafia que chega da rede externa [a rede CIFRA] com informação encriptada. Mas ao final dessa manhã já tudo estava normalizado. Pode ter sido um procedimento defensivo dos serviços do próprio ministério”, conta um alto funcionário do MNE ao Expresso.

Nos últimos dias, não houve qualquer comunicação interna dentro do MNE a reportar os problemas técnicos no site.

Outro funcionário do MNE conta, também no anonimato, que “o ataque foi à rede comum e não à classificada”, acrescentando que foi feito um reset às passwords e logoff de todos os users. “Alterei a password e voltei a aceder. Não me ocorreu que fosse devido a ataque. Pensei que fosse uma rotina preventiva programada para forçar toda a gente a cumprir a regra de alterar a password regularmente.”

A revista “Sábado” refere que o ataque foi detetado pelo Serviço de Informações de Segurança (SIS) e está a ser investigado pela unidade de cibercrime da Polícia Judiciária.

As autoridades estão a investigar se a rede informática do Governo foi acedida ilegalmente.