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Sem crédito bancário devido à ‘Operação Nexus’, Decsis pede insolvência e deixa 200 trabalhadores sem ordenado

‘Operação Nexus’ elevou o risco de crédito da Decsis para o nível máximo, fazendo com que a banca cortasse todas as linhas de crédito”, diz a administração. Empresa garante que continua a prestar todos os serviços e espera, em breve, conseguir pagar dois meses de salário em atraso

Peter Dazeley/Getty Images

A empresa tecnológica Decsis, sediada em Évora, avançou com um pedido de insolvência, que aguarda decisão judicial, devido a “problemas graves de tesouraria” provocados pela conotação à “Operação Nexus”, da Polícia Judiciária (PJ), revelou hoje a administração.

Numa resposta a questões colocadas pela agência Lusa através de correio eletrónico, a administração da Decsis – Sistemas de Informação indicou que a operação policial, realizada em julho passado, “teve impacto imediato” na empresa, apesar de esta não ser visada na investigação.

“A ‘Operação Nexus’ elevou o risco de crédito da Decsis para o nível máximo, fazendo com que a banca cortasse todas as linhas de crédito”, disse a administração, acrescentando que, dessa forma, foram criados “problemas graves de tesouraria à empresa”.

Segundo a sociedade, as empresas conotadas como pertencentes ao “Grupo Decsis” também “sofreram graves danos reputacionais, decorrentes da exposição mediática”, o que provoca dificuldades em gerar fluxos operacionais de tesouraria futuros sustentáveis.

“Assim, a administração reconhece estar legalmente obrigada a requerer a insolvência da empresa”, sublinhou.

A “Operação Nexus” da PJ, realizada no dia 08 de julho deste ano, investiga alegados crimes de corrupção e fraude na aquisição de sistemas informáticos por universidades e escolas públicas financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

No dia em que decorreu, a PJ divulgou a detenção de seis pessoas, concretamente um administrador e três funcionários de uma empresa tecnológica, um funcionário de uma empresa concessionária e um funcionário público.

Na semana passada, o jornal Eco noticiou que uma das empresas visadas nesta operação é a Decunify, que se apresenta, na sua página de Internet, como “uma empresa do Grupo Decsis” e que, no final de agosto, foi declarada insolvente em tribunal.

Na resposta à Lusa, a Decsis – Sistemas de Informação realçou que o seu pedido de insolência, que deu entrada no Tribunal de Évora no dia 05 de agosto, ainda sem decisão, visa “o restabelecimento da situação anterior à ‘Operação Nexus’, da confiança e das linhas de crédito que entretanto estavam aprovadas”.

Apesar do pedido de insolvência, a empresa frisou que se mantém em funcionamento, assim como o Centro de Dados localizado em Évora, que “fornece serviços críticos a diversos clientes dos setores públicos e privados”.

“Todos os serviços que fazem parte da oferta da Decsis estão a ser prestados. Os contratados pelas câmaras, pela comunidade intermunicipal, mas também os contratados pelos demais clientes das mais diversas áreas de atividade”, precisou.

Ainda assim, a empresa enfrenta “algumas dificuldades decorrentes da falta do pagamento dos salários”, reconheceu a administração, esperando que esse problema possa ser “resolvido a todo o momento”.

A Decsis, com um volume de faturação de perto de 15 milhões de euros em Portugal, tem cerca de 100 trabalhadores nos seus quadros e outros tantos em regime de contratos, de acordo com a administração.

A totalidade destes trabalhadores, admitiu a empresa, está com os ordenados de julho e agosto em atraso.