Sociedade

Ministra da Saúde não aceita demissão da administração do Hospital de São João

Em resposta ao pedido de demissão da Administração do Hospital de São João, na sequência do incêndio que vitimou uma pessoa e feriu gravemente outras quatro, a ministra da saúde, Marta Temido, diz não aceitar por manter "total confiança no trabalho desenvolvido"

MÁRIO CRUZ/LUSA

A Ministra da Saúde diz que mantém total confiança no trabalho desenvolvido pelo Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário de S. João (CHUSJ) "e na sua capacidade de congregar esforços para prestar os melhores cuidados de saúde às populações". Pelo que Marta Temido responde ao pedido de demissão dizendo que não o pode aceitar.

O Conselho de Administração do CHUSJ pediu a demissão na tarde desta segunda-feira após um incêndio "de complexidade elevada" deflagrado no domingo, no serviço de Pneumologia, que vitimou um doente e feriu gravemente outros quatro.

Num comunicado aos jornalistas, o presidente do Conselho de Administração (CA) do Hospital de São João, Fernando Araújo, lamentou o sucedido e, "apesar de as causas do incêndio estarem a ser apuradas, nomeadamente através de um processo de averiguações interno, um processo de inquérito da IGAS e de um inquérito da Policia Judiciária, e a avaliação inicial excluir falha infraestrutural da instituição", disse existir "um sentido ético no exercício das responsabilidades públicas", que não se deve "esquecer".

Na sequência desse mesmo sentido ético, a Administração do maior hospital do norte do país decidiu pedir a demissão à ministra da Saúde, garantindo manter-se em funções até decisão de Marta Temido.

Em comunicado na tarde desta segunda-feira, a ministra da Saúde disse reconhecer "o elevado sentido ético no exercício de funções públicas dos elementos do CHUSJ, ao colocarem os seus mandatos à disposição" e "solidariza-se e acompanha a consternação de toda a equipa dirigente perante os factos ocorridos", bem como "lamenta profundamente a morte registada, o sofrimento dos familiares envolvidos, agradecendo aos profissionais de saúde e bombeiros que, pondo a sua vida em risco, responderam e combateram o incêndio". Por fim, diz não aceitar o pedido de demissão por manter "total confiança" no trabalho desenvolvido.

Incêndio em investigação

Encontra-se ainda por esclarecer a causa do incêndio, mas sabe-se que a origem estará relacionada com a proximidade de uma chama a uma fonte de oxigénio.

Segundo apurou o Expresso, a Polícia Judiciária, a investigar o caso, procura esclarecer se se tratou de ato negligente ou intencional por parte do doente investigado, um homem com doença oncológica terminal. “Existe a possibilidade deste senhor ter ateado o fogo com chama direta com um isqueiro às roupas da cama”, disse fonte da PJ ao Expresso, na manhã desta segunda-feira.

A vítima mortal encontrava-se no mesmo quarto, ao lado.