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Dar o nome de Gisberta a uma rua da Invicta? “Não conseguimos estabelecer uma relação entre a Gisberta e o Porto”

A presidente da Comissão de Toponímia, em declarações ao Expresso, adota uma posição de “neutralidade e de abertura” relativamente ao abaixo-assinado em que os signatários pedem para ser atribuído a um arruamento da Invicta o nome de Gisberta Salce Júnior, assassinada há 15 anos depois de ter sido violada e violentamente agredida durante vários dias. Isabel Ponce de Leão tem “o maior respeito pelo caso”, condena o crime de ódio, salienta que o órgão consultivo seleciona “personalidades carismáticas da cidade, de todas as classes”, mas considera que “a pessoa em si nada fez em prol do Porto”

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“Há 15 anos, no dia 22 de fevereiro de 2006, Gisberta Salce Júnior, mulher trans de 45 anos, brasileira, profissional do sexo e seropositiva, foi brutalmente assassinada após dias de agressões.” Assim começa por recordar o abaixo-assinado, redigido pela atriz Sara Barros Leitão e promovido pela Comissão Organizadora da Marcha do Orgulho do Porto, que está a recolher signatários para a proposta que será enviada à Comissão de Toponímia, órgão consultivo da Câmara do Porto. O objetivo da iniciativa é simples: atribuir o nome de Gisberta a um arruamento da Invicta. A meta dos peticionários é mais complicada, pois já duas propostas com o mesmo intuito foram recusadas.

Assassinada há 15 anos depois de ter sido violada e violentamente agredida durante vários dias por um grupo de adolescentes, o nome de Gisberta foi apresentado pela primeira vez à Comissão de Toponímia no ano de 2010 e, mais recentemente, em março do ano passado, quando a artista e ativista Sara Barros Leitão enviou uma carta também em nome de Gisberta, sinónimo de toda a comunidade LGBTI+. Da parte da Comissão de Toponímia, a atriz recebeu “apenas um aviso de receção, mas a resposta nunca chegou”, conta ao Expresso.

A presidente da Comissão de Toponímia confirma. “Já chegaram dois pedidos a propor o nome, foram levados a votação mas não foram aprovados”, explica Isabel Ponce de Leão. “Houve votos a favor e outros contra, mas por maioria decidiu-se que não. Isso fica na consciência de cada um, não estou a emitir qualquer juízo de valor”, aclara ao Expresso a dirigente do órgão municipal desde há quatro anos.