Esta terça-feira termina o prazo de prisão preventiva do alegado líder do assalto aos paióis de Tancos. O ex-fuzileiro João Paulino foi libertado por excesso de prisão preventiva, confirmou ao Expresso o advogado Melo Alves.
João Paulino estava a cumprir a medida de coação mais pesada desde 28 de setembro de 2018, altura em que foi detido pela Polícia Judiciária no âmbito da Operação Húbris.
A libertação deste suspeito deve-se ao facto de ter terminado o prazo para a preventiva, numa altura em que o caso se encontra na fase de instrução. Teria sido necessária uma decisão instrutória até esta terça-feira para que Paulino continuasse detido. Algo que não seria possível.
A fase de instrução, altura em que são ouvidas as defesas dos arguidos pelo juiz Carlos Alexandre, vai prolongar-se até ao final de fevereiro. Só então é que o magistrado irá decidir se o caso do roubo das armas de guerra segue ou não para julgamento.
Na audição a João Paulino, no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, no último dia 22, o suspeito manteve-se em silêncio porque não lhe foi dado acesso ao conteúdo das duas operações encobertas desencadeadas pela PJ para tentar recuperar o material roubado. Segundo uma testemunha do processo - Paulo "Fechaduras" Lemos - a polícia terá usado um inspetor que se fez passar por operacional do IRA interessado em comprar o armamento.
A defesa alega que estas operações podem ser ilegais e contesta que "Fechaduras" não seja um dos acusados. Este informador da PJ foi essencial para o sucesso do assalto porque ensinou a maneira de abrir as portas do paiol e disse onde é que os assaltantes poderiam comprar o saca-cilindros necessário para a operação. Antes do assalto, "Fechaduras" arrependeu-se e contou (quase) tudo o que se estava a preparar a uma procuradora do porto. Disse que se estava a preparar um assalto, mas não disse onde.
O caso tem 23 acusados. Entre eles encontra-se o ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes, o ex-diretor da Polícia Judiciária Militar (PJM), o coronel Luís Vieira, bem como vários operacionais e responsáveis da PJM e da GNR.