É habitualmente uma longa cortina de água e de vapor, tendo atraído milhares de turistas à fronteira entre o Zimbabué e a Zâmbia nas últimas décadas. Mas agora as imponentes cataratas com mais de um quilómetro de extensão, que são património mundial da Unesco, ficaram reduzidas a uma pequena queda de água.
Aquela que já é considerada a maior seca do século deixou Victoria Falls ‘por um fio’, gerando receios de que as alterações climáticas possam matar uma das maiores atrações turísticas da região, num momento em que os líderes mundiais se reúnem em Madrid para uma cimeira das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP25), noticia este sábado a agência Reuters.
A redução na sua extensão é comum durante a época mais seca, mas este ano a situação agravou-se. De acordo com a Autoridade do Rio Zambeze, o fluxo do rio está nos níveis mais baixos desde 1995, o que levou o Presidente da Zâmbia, Edgar Lungu, a afirmar que isto é “um alerta gritante do que as alterações climáticas estão a provocar no nosso entorno”.
Mas os cientistas são cautelosos em culpar as alterações climáticas, uma vez que é habitual existirem variações sazonais. “Por vezes é difícil afirmar que isto se deve às alterações climáticas, porque as secas sempre ocorreram”, diz à Reuters Harald Kling, hidrólogo da empresa de engenharia Poyry. “Se se tornarem mais frequentes, então podemos começar a dizer: Ok, isto talvez sejam as alterações climáticas."
Apesar disso, o especialista no rio Zambeze reconhece que a seca “tem sido muito frequente”, uma vez que a última ocorreu há apenas três anos.