Sociedade

Estaleiro da ala pediátrica do São João já arrancou. Pais estão contentes, mesmo que pareça ação de propaganda

A cinco dias das legislativas, a aguardada obra do centro pediátrico arrancou esta terça-feira com a montagem do estaleiro. Construção do edificado arranca dentro de um mês e início da atividade clínica está prevista para o primeiro semestre de 2021. Porta voz dos pais desconfia que o timing seja para desviar as atenções de Tancos

Rui Duarte Silva

A montagem do estaleiro para a construção da ala pediátrica do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ) avançou esta terça-feira, antecipando o início efetivo da empreitada, anunciado pelo Ministério da Saúde até ao final do ano em curso. Em comunicado, a administração do São João, adianta que a ala pediátrica, que ficará integrada no edifício principal do hospital construído no final dos anos 50, terá cinco pisos e cerca de 12 mil m2 de área bruta de construção.

O novo espaço, com um investimento associado na ordem dos €25 milhões, irá acolher várias especialidades, incluindo a pediatria, neonatologia, medicina intensiva pediátrica, oncologia pediátrica, cardiologia pediátrica, cirurgia pediátrica e a primeira unidade de queimados pediátricos do Norte, “com características e equipamentos inovadores”.

A administração hospitalar estima que a obra deverá estar concluída em 18 meses, devendo iniciar a atividade clínica no primeiro semestre de 2021. A construção da ala pediátrica do CHUSJ está a cargo da empresa Casais – Engenharia e Construção, S. A., tendo o projeto sido elaborado pela empresa Aripa Arquitectos.

No comunicado, o CHUSJ congratula-se com o arranque da construção da ala pediátrica, cumprindo com os prazos previstos e divulgados publicamente: “Trata-se de um momento crucial no percurso do Centro Hospitalar Universitário de São João, que dará uma resposta de qualidade às crianças e jovens da região norte”.

Para o líder da APOHST - Associação Pediátrica Oncológica do São João, Jorge Pires, a luta dos pais, iniciada há ano e meio, para que as crianças internadas fossem retiradas de contentores sem condições “valeu a pena”, apesar de repisar que “peca por tardio” o arranque da construção, anunciado em finais de agosto pela ministra Marta Temido.

“Os pais das crianças estão contentes, embora não se perceba a razão pela qual a construção só se inicie agora, quando já foi anunciado há meses que havia dinheiro para a construção, autorização do Governo para adjudicar a empreitada por ajuste direto e escolha da empresa vencedora por parte da administração do São João”, lembra Jorge Pires.

Embora frise que o mais relevante para os pacientes e familiares é que agora se cumpra o prazo de ano e meio para finalizar o prometido e “tão aguardado” centro pediátrico, o porta-voz dos pais comenta que não deixa de “simbólico” que o início da instalação dos estaleiros surja a cinco dias das eleições legislativas. “Se não é, parece um ato de propaganda, numa altura em que o Governo está debaixo de fogo por causa do embaraço de Tancos”, conclui Jorge Pires.