O seu é o domínio fértil, interrogativo e aberto da literatura comparada, que equivale, segundo diz, a ser-se “especialista na não especialidade”. Na linhagem de George Steiner, acredita que ler é comparar, relacionar. Nascido em Barcelona, em 1957, formou-se em Filosofia e doutorou-se em Harvard, sendo hoje catedrático de Teoria da Literatura na Universidade Pompeu Fabra. Ultimamente, interessou-se pelo conceito lato de ‘cultura’ enquanto “menu de valores” ou “repertório do possível” no quadro do qual tudo o que é pensável acontece. O tema, abordado em “Como o Ar que Respiramos”, vencedor em 2023 do Premio Nacional de Ensayo, aprofunda-se em “O Silêncio da Guerra” (ambos editados em Portugal pela Objectiva), livro mais recente e talvez mais perturbador. Porque nele mostra como as guerras fazem parte do alfabeto ocidental desde tempos imemoriais, quando os homens desenharam nas cavernas os primeiros conflitos armados, ou quando Homero quis que Aquiles morresse, em troca tornando-se imortal.
Exclusivo
Entrevista ao catedrático espanhol Antonio Monegal: “As guerras começam na linguagem”
O ofício das armas está no leite materno, no repertório do possível — na cultura. E está imbuído pelo discurso épico, em que se morre na guerra para se ser imortal. É do que fala Antonio Monegal, pensador e catedrático espanhol, em “O Silêncio da Guerra” e em conversa com o Expresso