Numa tarde de janeiro em Sbeneh, nos arredores de Damasco, Ammar Alsalmo, um dos líderes dos Capacetes Brancos, equipou-se para descer ao inferno. Ao lado do prédio de esquina, os miúdos do bairro jogavam à bola aproveitando o sol de inverno. Expedito, Ammar calçou as luvas de borracha e colocou uma máscara sobre a boca. A escada para a arrecadação estava escura, mas passando os degraus, feixes de luz entravam pelas redes de metal no topo, iluminando as partículas de pó no ar. No chão de cimento, milhares de ossos e restos de ossos esperavam há anos.
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Colunas vertebrais, bacias, fémures, dentições: na Síria, os Capacetes Brancos buscam o rasto da destruição de Bashar al-Assad há uma década
Durante mais de uma década procuraram sobreviventes nos escombros da guerra que Bashar al-Assad desencadeou contra a população. Hoje, os Capacetes Brancos ajudam a reconstruir o país. Que papel terão numa Síria que emerge de uma ditadura sem saber exatamente para onde caminha?