Criados em 1991, os prémios Ig Nobel, atribuídos anualmente em tom de aparente paródia pelo prestigiado Massachusetts Institute of Technology (MIT), têm como objetivo distinguir estudos rigorosamente científicos que obedeçam a um critério fundamental: o de “fazerem rir para depois fazerem pensar”. Em setembro passado, o júri da 34ª edição dos Ig Nobel atribuiu pela primeira vez um prémio a uma investigação na área da demografia e com um título, à primeira vista, pouco anedótico: “Registos de Indivíduos Supercentenários ou de Longevidade Excecional Exibem Padrões Indicativos de Erros Administrativos e de Fraude ao Sistema de Pensões”. O estudo, realizado por Saul Justin Newman, um investigador do Instituto do Envelhecimento Humano da Universidade de Oxford, revelava, no entanto, uma contradição quase irónica a partir da análise cruzada das estatísticas mundiais de indivíduos “supercentenários” com outros dados regionais de qualidade de vida. Segundo a investigação, as zonas supostamente mais longevas do planeta seriam também as mais afetadas não só pela pobreza, o crime, a fraude ao sistema de pensões, a obesidade e a falta de exercício físico, mas sobretudo pela ausência de registos de nascimento e de óbito minimamente fiáveis.
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“No seu 111º aniversário, a pessoa mais velha de Tóquio foi descoberta mumificada: a família ocultara o cadáver para receber a pensão”
Das “zonas azuis” às estatísticas de longevidade da ONU, Saul Justin Newman explica porque é que os dados demográficos sobre os supercentenários estão longe de ser conclusivos, denunciando fraudes. “Quer viver mais? Não beba, não fume e faça exercício”, recomenda o investigador, numa longa entrevista ao Expresso