Um pequeno comboio, puxado por um carro elétrico, transporta uma dezena de turistas pela fábrica da Volkswagen (VW) em Wolfsburg, a cidade-sede da empresa, 200 km a ocidente de Berlim. Os pescoços dos visitantes movem-se ao ritmo frenético dos robôs, acompanhando os braços mecânicos cor de laranja que juntam componentes na linha de montagem, as portas de aço que deslizam nas alturas e os operários que acenam ao passarem de bicicleta. “Isto não é uma fábrica”, comenta um dos visitantes. “É uma cidade das grandes.” Os números dão-lhe razão: a unidade industrial prolonga-se ao longo de 2,5 km, alberga mais de 60 mil trabalhadores — equivalente à população de Santarém e o dobro da do principado do Mónaco —, tem parque para 7 mil bicicletas e até confeção própria de salsichas para alimentar o proletariado. Uma ode industrial para a qual até Álvaro de Campos teria dificuldade em encontrar versos.
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“Os chineses passaram a fazer iPhones com rodas, a Volkswagen continuou a lançar velhos Nokias”: história da ascensão e queda do lobo alemão
Reportagem na Alemanha, onde o maior fabricante europeu de automóveis quer eliminar 35 mil postos de trabalho nos próximos cinco anos para voltar a ser competitivo face aos rivais chineses e americanos. Em Wolfsburg, cidade sede da empresa, paira a incerteza. Os moradores temem que o império construído pela VW se torne um museu industrial. As consequências seriam catastróficas para a economia europeia