A guerra é uma tatuagem azul que se infiltra na pele e que camuflou, para sempre, o rosto assimétrico de Cândido Patuleia Mendes, um olho vazado, o outro operado e reoperado na esperança de que as entranhas feridas não rejeitem algum dos múltiplos transplantes de córnea: “Fui ferido a 23 de maio de 1970, sete meses depois de ter chegado a Angola a bordo do navio ‘Império’. Podia ter ouvido o meu pai, que estava emigrado lá fora e que me disse para ir ter com ele, e escapado à tropa, mas não fui porque não quis deixar a minha mãe sozinha no Bombarral.”
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A guerra acabou, as feridas continuam abertas
A Guerra Colonial acabou há 50 anos, mas há homens e mulheres que ainda sofrem as consequências deste conflito que tirou a vida a 50 mil civis e militares dos dois lados beligerantes. Contamos-lhe a história de dois homens que se apaixonaram pelas futuras mulheres numa cama de hospital e de um genial basquetebolista que lutou pelos direitos de 16 mil militares deficientes