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Vinhos: Homenagem a Nelson de Matos, o editor que foi ousado quando era mais difícil

Numa época ainda sem internet e em que poucos tinham computador, o meu primeiro guia — “Vinhos de Portugal 1995” — foi arrancado a ferros, resultado de muitas provas acumuladas. Os primeiros anos foram de crescimento exponencial em termos de tiragem e atingiram-se números hoje impensáveis

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Não quero deixar passar a morte de Nelson de Matos sem uma palavra. Sobre ele já se escreveu aqui um longo texto no Expresso e se salientou o seu papel como editor. No meu caso foi o meu editor de sempre enquanto esteve na Dom Quixote. Tenho com ele uma enorme dívida de gratidão porque, sem qualquer tradição da Dom Quixote, resolveu apostar na edição de um guia de vinhos, assunto então completamente afastado dos interesses da editora. Entrei pela sala dele (sempre com a porta aberta, note-se...) e, sem o conhecer, apresentei o meu projeto: um guia que fosse diferente dos dois então existentes; um de José Salvador, que já há vários anos fazia o seu “Roteiro dos Vinhos Portugueses” e com quem comecei a trabalhar nos vinhos, e o “Guia Comporta”, elaborado por dois funcionários do IVV. Creio que Nelson de Matos ficou convencido com os meus argumentos e o projeto arrancou.