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Vinhos: o encanto de um Marquês conservador

É preciso provar um Cabernet Sauvignon de arraso para se perceber que, num mundo de “todos diferentes, todos iguais”, aquela continua a ser uma variedade-ícone. Arranje dois amigos e partilhe o preço entre todos. Maravilha!

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Um dos vinhos que seleciono esta semana vem do Alentejo, mais propriamente de Estremoz, pela mão de João Portugal Ramos. Trata-se do Marquês de Borba Reserva, uma marca icónica deste produtor. Pode dizer-se que é um tinto conservador, no sentido em que mantém o mesmo perfil de castas desde a primeira edição, em 1997. Creio, no entanto, que não foi este o vinho que deu mais projeção ao produtor. Terá sido com a marca Vila Santa, em várias versões, que o enólogo logrou um aumento significativo de vendas e grande projeção nos mercados externos. O lado conservador do Marquês prolonga-se na insistência da manutenção, no lote, da casta Cabernet Sauvignon. Nos anos 80 esta era uma variedade presente em várias regiões, e temia-se uma expansão descontrolada. Tinha-se nela grande confiança e ainda que não fosse muito “patriótico” usá-la, por termos castas para dar e vender, muitas das castas portuguesas estavam mal estudadas e não havia segurança para poderem ser eleitas para um lote de sucesso. João Nicolau de Almeida chamava-lhe “casta melhoradora” e recordo-me de o dono da Quinta de Pancas me dizer que desde que tinha passado a usar mais Cabernet Sauvignon as vendas no estrangeiro tinham disparado.