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Porque “Separação” é, provavelmente, a melhor série de televisão do momento

Na mirabolante distopia realizada por Ben Stiller, agora na segunda temporada, as personagens têm dois “eus”: o do trabalho e o da vida pessoal. Em streaming na Apple TV+, “Separação” é um raro exemplo de algo em desuso: a televisão de prestígio

Mark (o ator Adam Scott) e Helly (Britt Lower): estranheza e loucura na série da Apple TV+

Existe um conceito de guião em que quem quer comprar uma série ou filme pede que lha definam numa frase. Chama-se a isto “logline” e é quase um epílogo da famosa sinopse. “Separação” (“Severance”), mirabolante distopia da Apple TV+, criada por Dan Erickson e realizada por Ben Stiller, que acaba de chegar à segunda temporada, é “fácil” de definir: e se pudéssemos ter dois “eus” separados, um do trabalho, e outro da vida pessoal? O fácil surge entre aspas porque conseguir, em poucas palavras, explicar um universo, personagens, enredo, narrativa, não é para todos. Basta olhar para o fraquíssimo ano de 2024, onde da colheita de séries apenas se retiram dois ou três exemplos que tenham tido o engenho criativo de “Separação”, que, gozando de uma boa legião de fãs, pode perfeitamente encaixar-se nos antigos moldes da televisão de prestígio, prestes a desaparecer na era do streaming, onde o algoritmo exige uma enorme produção desenfreada de conteúdo. “Separação” é, provavelmente, o grande lançamento de 2025. E chegou mais desesperante, cáustico e negro. Sejam bem-vindos de volta à Lumon Industries, onde o monotemático trabalho nos deixa feliz que nem robôs. Se é que nos lembramos.