Em “Sobre o Cálculo do Volume I”, primeiro volume de uma septologia em curso, Solvej Balle introduz-nos a um conceito que já teve muitas iterações: aquele em que uma personagem se acha prisioneira de um ciclo temporal, repetido vezes e vezes sem conta. Como no filme “O Feitiço do Tempo”/“Groundhog Day” (1993), de Harold Ramis, o intervalo em causa é de apenas um dia, sucessivamente vivido e revivido por Tara Selter, a personagem principal, ao ponto de conseguir prever com rigor tudo o que vai acontecendo à sua volta, seja o momento em que desaba uma chuvada a meio da tarde ou a ordem pela qual os pássaros pousam numa sebe. A diferença é que o lugar em que a protagonista começa cada dia não é fixo. Em vez de regressar sistematicamente ao ponto de partida, ela acorda sempre onde adormeceu e pode deslocar-se para onde quiser. Ou seja, está presa no tempo, mas não no espaço. E isso confere-lhe uma liberdade significativamente maior do que a das ‘vítimas’ de outros time loops.
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Livros: O mundo está avariado, é 18 de novembro outra vez
Partindo de uma premissa simples (já explorada noutros livros e no cinema), Solvej Balle constrói em “Sobre o Cálculo do Volume I” uma extraordinária narrativa sobre a suspensão existencial num mundo que de súbito se avaria