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“Manual para Andar Espantada por Existir”: o livro em que Patrícia Portela dialoga com José Gomes Ferreira

Neste “Manual para Andar Espantada por Existir”, Patrícia Portela dialoga com o universo criado por José Gomes Ferreira em “Aventuras de João Sem Medo”. Porque “cultivar uma imaginação sem freio e uma persistente curiosidade” talvez seja, hoje, a nossa única hipótese

Patrícia Portela dialoga com o universo criado por José Gomes Ferreira em “Aventuras de João Sem Medo”
Campiso Rocha

Na primeira semana em que ficou fechada em casa, na Bélgica, por causa da pandemia de covid-19, Patrícia Portela reencontrou as “Aventuras de João Sem Medo: Panfleto Mágico em Forma de Romance”, de José Gomes Ferreira. Na suspensão forçada do confinamento, mergulhou nele com a filha Zöe, de dez anos, exercitando o “músculo da imaginação”. O poeta escreveu o folhetim para os filhos, em 1933, no início do Estado Novo salazarista e da ditadura nazi na Alemanha, “uma época”, lembra Portela, “em que se queimaram pessoas e livros com o objetivo de eliminar uma parte da humanidade e muitas das suas ideias”. Agora, num tempo em que se voltam a erguer fantasmas desse pesadelo histórico, talvez o gesto de “cultivar uma imaginação sem freio e uma persistente curiosidade” seja “a única saída para uma sociedade que, demasiadas vezes, condena as gerações mais jovens ao silêncio, ao desprezo e ao motim”.