Daqueles dias mágicos em que o muro de Berlim ruiu em 1989, várias imagens ficaram na memória. Rostos e mãos que se estendiam do lado de lá de uma frecha no muro. Soldados parados, ou nalguns casos a ajudar pessoas que tentavam passar. Um caos de movimento e sorrisos que se dizia ter sido desencadeado por um lapso verbal de um político da RDA, mas logo se constatou não ter retorno. Alguns observadores ficaram dececionados por ver que as multidões, assim que passavam o muro, iam correr para o Aldi mais próximo, mas isso era de esperar. Afinal, a diferença de padrões de vida entre a Alemanha de Leste e a Ocidental sempre fora uma ameaça para o regime daquela, e os seus líderes, segundo lembra o presente livro, não pouparam esforços para proporcionar uma certa medida de bem-estar aos seus cidadãos. Até certo ponto, conseguiram. A RDA era o Estado do bloco soviético como melhor nível de vida, e nalguns aspetos — percentagem de mulheres no mercado de trabalho e de filhos de classe operária na universidade — estava à frente de muitos países, quando não de todos.
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Livros: Uma história da RDA em 41 anos de solidão
“Para Lá do Muro”, da jornalista Katja Hoyer, é uma história da RDA sem esquecer o que esteve na sua génese e o que ainda se mantém como a sua especificidade