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Livros: O cinema-tempo de Andrei Tarkovski, a arte como salvação

O cineasta russo Andrei Tarkovski demorou anos a escrever “Esculpir o Tempo”, livro-mundo onde analisa a diferença específica do cinema face a outras artes

O actor russo Anatoli Solonitsyn, no papel de Dr. Sartorius, em “Solaris”, de 1972
D.R.

“Esculpir o Tempo” (1986), em que o cineasta russo Andrei Tarkovski (1932-1986) trabalhou ao longo de anos, é um livro sobre cinema que não se parece outros clássicos do género. Não é um texto teórico com os de Enseistein, nem uma colecção de histórias e intenções como “O Meu Último Suspiro” de Buñuel, nem uma antologia de exaltações e polémicas como os escritos de Truffaut. Nem tem a austeridade aforística imaculada das “Notas sobre o Cinematógrafo” de Bresson. Em certos momentos, “Esculpir o Tempo” lê-se como uma autobiografia, noutros como um diário de rodagem, um discurso-quase-sermão, um lamento, uma explicação relutante, uma recusa, um visionarismo ou um exercício espiritual.