Nascida em Lisboa, com infância passada na Índia e mais tarde em Moçambique, Helena Vasconcelos sentia-se como que perdida na Lisboa do início da década de 70. As aulas na Faculdade de Letras aborreciam-na e o seu “permanente desejo de aventura, de deambulação” levava-a a viajar para todo o lado, enquanto assistente de voo na TAP. Apaixonada pela leitura, Helena queria “ser Anna Karenina (sem suicídio), estar no centro do tumulto, ser arrebatada por alguém superior, viver intensamente”. Esse desejo cumpriu-se ao conhecer um jovem “não propriamente bonito, mas muito atraente”, que lhe abriu um dia a porta da sua casa envergando uma camisa de ganga aberta quase até à cintura e uma corrente de prata ao pescoço, com um escaravelho egípcio.