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Não escrever nada que fique a arder: “Cartografia”, um livro-poema a quatro mãos

Em “Cartografia”, Minês Castanheira e Raquel Patriarca ensaiam um diálogo poético cujo resultado é uma urdidura de finíssimos fios “impossíveis de tecer”

Raquel Patriarca e Minês Castanheira
Laura Maganete

Durante dois anos, Minês Castanheira (M.C.) e Raquel Patriarca (R.P.) partilharam uma correspondência feita de cartas-poemas, trocadas a um ritmo só delas, como cúmplices irmãs de letras, ciosas de uma sororidade intensa e subtil. Habituadas a partilhar o palco, inventaram-se enquanto personagens: duas figuras femininas num cenário de árvores (“nem todas de pé”) e mar ao fundo (“cais de partida, espera e eventual regresso”), duas mulheres “que se leem e se escutam, que se questionam e se amparam com versos”, porque sem eles “não há vidro através do qual dizer o mundo”.