Não há registos precisos da origem da sobremesa que une o queijo e a marmelada num casamento perfeito para o palato, embora seja referenciada a partir do século XIX. “É plausível que tenha surgido em Portugal, onde era comum a presença de marmelada em todas as mesas, até mesmo nas mais modestas, especialmente no norte do país”, segundo Virgílio Gomes, gastrónomo e investigador de História da Alimentação. “Existe até um ditado popular dessas regiões que pode ilustrar a prática: ‘Sai-se da mesa sem sobremesa, sai-se da mesa com boca de pobre’. Juntar marmelada a um queijo mais simples, como os queijos de vaca ou o flamengo do Minho, era uma forma económica de completar a refeição com uma sobremesa”.
A marmelada tem origem portuguesa e foi exportada para Inglaterra por Catarina de Bragança. As laranjas amargas substituíram os marmelos e deram origem à marmelade. Há indicações que sugerem que a marmelada se começou a juntar ao queijo em terras brasileiras. “Os portugueses tentaram cultivar marmeleiros no Brasil, mas a árvore, que exige clima frio, só prosperou num local específico do estado de Minas Gerais. Como a marmelada era um alimento energético muito usado nas longas viagens marítimas, a goiabada tornou-se a substituta perfeita, utilizando a abundante goiaba nativa”, escreve Virgílio Gomes. O estado brasileiro “continua a ser o estado referência para a produção dos melhores ingredientes desta sobremesa”.