Rebelde entre rebeldes no movimento surrealista, Leonora Carrington não teve uma biografia amena — fugas aos nazis, internamentos compulsivos, um desafio permanente aos poderes. Mesmo respeitando a inviolável fronteira entre autor e obra, é difícil não ver neste livro o reflexo dessas agruras, mas também da consciência de ser preciso questionar o mundo e as suas regras. Publicado em 1974, este romance é uma paródia extraordinariamente séria sobre a autoridade e os modos possíveis de organizar a sociedade a partir de um microcosmos situado num lar de terceira idade. É também um olhar impiedoso sobre o modo como encaramos a velhice, com substantivos sempre amaciados para evitar a degradação física, mas com uma tremenda brutalidade no tratamento.
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Livros: O que nos diz a rebelde Leonora Carrington
“A Corneta Acúsica”, de Leonora Carrington, é uma paródia extraordinariamente séria sobre a autoridade e os modos possíveis de organizar a sociedade a partir de um lar de terceira idade