Tem algo de providencial que este livro, originalmente publicado em 2018, saia em Portugal logo após a autobiografia de Angela Merkel. Em “Liberdade” (Objectiva), a antiga chanceler descreve a crise do euro e explica os constrangimentos políticos, económicos e morais que terão limitado a sua ação, obrigando países como a Grécia e Portugal a adotarem programas de austeridade que não só provocaram imenso sofrimento individual e coletivo, como iam arruinando essas economias. A teoria então era que tais medidas libertariam a economia para crescer, mas já então se suspeitava que era mentira, e a história subsequente confirmou a suspeita. No caso português, o que acabou por nos valer anos depois foi o turismo — em parte desviado do Norte de África devido ao terrorismo —, bem como a chegada ao poder em 2015 de um governo que, mantendo critérios de rigor fiscal, não estava obcecado com a ideia tacanha de “ir para além da troika” no momento em que a economia precisava exatamente do oposto.
Exclusivo
Livros: Tudo o que ‘crashou’ depois da crise financeira de 2008
“Crashed”, de Adam Tooze, analisa o impacto da crise financeira de 2008 na década que se lhe seguiu, demonstrando o modo errado como se lidou com ela