A poesia é uma doença das classes educadas? Um registo da experiência? Ou a fabricação de alternativas à experiência? Se um poeta inventa personagens, não começará por inventar o ‘eu’? Como distinguir então o sublime da tolice? Ou a espontaneidade da pose? Qual a diferença entre marginais e marginalizados? Entre competência e preferência? E porquê escrever poemas em vez de viver aquilo de que a poesia fala? Boas dúvidas e boas reflexões, mas que aparecem neste livro num tom irónico ou quase ingénuo, e nisso semelhante à poesia do autor, caracterizada por um realismo directo e insólito, sem subterfúgios. Originalmente publicados como ensaios e artigos, diálogos socráticos ou notas em blogues, estes textos parecem dirigir-se mais a leigos do que a especialistas, mas não podiam ter sido escritos por um leigo. João Camilo tem ideias bem estabelecidas.