Um conhecimento, mesmo que sumário, da poesia portuguesa contemporânea, permite logo presumir que livros intitulados “Corpo Agrário” e “Os Campos Visuais”, publicados, respectivamente, em 1970 e 73, sejam livros enquadrados com as tendências do seu tempo. Tendências textualistas, apoiadas, resume Fernando Guimarães, na autonomia da palavra poética, no vocabulário escasso, no predomínio das imagens, na resistência à narratividade e à referência. Guimarães, organizador deste volume, chama a isso “a especificidade da linguagem poética”, ou uma específica especificidade, aquela que vinha a ser testada na década anterior pela geração da Poesia 61 ou pelo Carlos de Oliveira da segunda fase.