No prefácio, Alberto Manguel explica a sua origem poliglota: criado por uma ama checa, que lhe falava em inglês e alemão, só aprendeu espanhol “já com oito ou nove anos”. Durante a infância, nunca pensou nas línguas que dominava como pertencendo a “reinos isolados com fronteiras rígidas que tivesse de atravessar”. Só mais tarde, na escola, é que essas fronteiras se tornaram evidentes e o levaram a descobrir os prazeres, mas também as incertezas, dúvidas e angústias, do complexo ofício da tradução. “Traduzir pode ser (tem de ser) a forma mais intensa de leitura”, sugere Manguel. É a partir desse lugar de privilégio e responsabilidade — o de um hiper-leitor que mergulha a fundo nas entranhas do texto original, para poder reconstruí-lo, ou reinventá-lo, noutra língua — que o ensaísta reflete neste livrinho. Ele mesmo, importa dizê-lo, impecavelmente traduzido.
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Livros: A arte da tradução, segundo Alberto Manguel
“O Avesso da Tapeçaria” são 44 notas “sobre a arte da tradução”, escritas por Alberto Manguel para serem assumidamente curtas, como lampejos que pretendem iluminar uma paisagem complexa