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Livros: O olhar de seis mulheres correspondentes na II Guerra Mundial

Em “As Enviadas Especiais”, a britânica Judith Mackrell traça o retrato de seis jornalistas que reportaram a II Guerra Mundial, abrindo caminho para tantas outras num universo até então eminentemente masculino

Sentadas sobre escombros, duas mulheres observam o que resta de Leninegrado após o bombardeamento alemão de 1942
D. Trakhtenberg/Slava Katamidze Collection/Getty Images

Na galeria das personagens jornalísticas, poucas figuras são tão sedutoras como a do correspondente de guerra, uma pessoa corajosa que arrisca a vida e a saúde mental para contar os horrores em massa que a humanidade produz a intervalos regulares. Convidados a dizer o nome de um grande correspondente, muitos historiadores do jornalismo citam Edward Murrow e Robert Capa, ou nomes mais recentes como os de Michael Herr e Robert Fisk. Até recentemente era raro as mulheres entrarem no quadro. E no entanto, alguns dos expoentes desse trabalho difícil têm sido do sexo feminino. Se a Primeira Guerra Mundial tinha resgatado as mulheres do estereótipo doméstico em muitos países, a Segunda abriu-lhes a perspetiva de fazer a crónica da História nos lugares violentos onde ela decorria, com todas as consequências inerentes, entre elas o martírio que por vezes as atinge.

Esse acesso ao testemunho direto não foi uma dádiva do acaso ou de um poder benevolente, mas uma conquista. Algumas mulheres arriscaram tudo para seguir a sua vocação, abrindo caminho a outras, e no final da guerra havia umas 250 correspondentes acreditadas junto das forças aliadas. Escrito por uma biógrafa (e também crítica de dança no “The Guardian”) com o mesmo empenho que Judith Mackrell pôs numa anterior coleção de perfis, essa sobre mulheres icónicas dos anos 20 do século passado, “As Enviadas Especiais” fala de seis correspondentes, descrevendo o que fizeram ao longo da guerra e como as suas vidas pessoais foram afetadas.