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Culturas

O Papa no papel principal

De “As Sandálias do Pescador”, de 1968, a “Conclave”, de 2024, o cinema tem-se debruçado com fascínio sobre os meandros do Vaticano

Em 2016, Jude Law foi o Papa (imaginário) Pio XIII na série “The Young Pope”, de Paolo Sorrentino
D.R.

Quem tenha tido a oportunidade de estar no meio da Piazza San Pietro, de frente para o complexo monumental do Vaticano, sem a horda massiva de turistas que agora assediam o lugar, em agitação e ruído, sete dias por semana, 365 dias por ano, sabe qual é a sensação. É a mesma que temos diante do Château de Versailles, da Sala del Maggior Consiglio do Palazzo Ducale de Veneza, do Valle de los Caídos, perto de Madrid, ou do Empire State Building, em Nova Iorque. É a sensação de um poder que se afirma em toda a sua arrogância e pretende esmagar o comum mortal que se avizinha. A basílica de San Pietro, com aqueles braços laterais que nos envolvem, não é um edifício onde se sinta a presença de um Deus consolador, é o lugar da imponente cabeça do Império. Abafa-nos. Também por isso, sempre que pensamos no Vaticano como sede de poder ou no Papa como vértice da Igreja Católica, não imaginamos um pastor, mas um monarca com a majestade de quem possui as chaves do Céu e muitas portas na Terra. Foi nesses propósitos que o cinema e a televisão figuraram o Papa, a maior parte das vezes.