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Lucinda Childs traz uma história da dança ao Porto e lembra Merce Cunningham: “Os bailarinos são bailarinos e dançam. E essa é a história”

É um acontecimento único. Nos 50 anos da Companhia Lucinda Childs, a histórica coreógrafa apresenta no Porto novíssimas criações (Rivoli, sexta e sábado) e peças dos anos 60 e 70 (Serralves, domingo). Em entrevista ao Expresso fala de força, movimento e música

Childs no Berliner Festspiele (Berlim), em dezembro de 2024, interpretando os mesmos “Four New Works” que agora traz ao Rivoli
Fabian Schellhorn

Há um arco histórico de mais de 60 anos de criação para dança da pioneira do pós-modernismo, Lucinda Childs, que se apresenta no Porto. No Teatro Rivoli (sexta e sábado) mostra “Four New Works” — “Actus”, “Geranium ’64”, “Timeline” e “Distant Figure” —, as quatro novas obras estreadas em 2024 para a sua Companhia Lucinda Childs, na temporada que marca 50 anos de existência, e em Serralves (domingo), apresentam-se “Early Works”, sete peças criadas entre 1963 e 1979.

Lucinda Childs está sozinha em palco, surge do lado esquerdo mergulhada na escuridão e lentamente vai-se deslocando para a direita, num ato físico de esforço, de quem carrega um peso. Ela puxa, com força, uma corda. E o corpo vai compondo posições que respondem a essa pressão. Ao fundo, há um muro-ecrã, onde se projetam fantasmas de um jogo de futebol americano. Por entre a música, escutamos a transmissão de rádio do campeonato de NFL de 1964, entre as equipas Cleveland Browns e os Baltimore Colts. Esta é “Geranium ’64”, a segunda peça de “Four New Works”, que a histórica coreógrafa norte-americana criou para a sua companhia. Na realidade é uma recriação da peça com o mesmo título, originalmente estreada há 60 anos, na altura apresentada num espaço alternativo, e agora transposta para o palco de teatro formal. Lucinda Childs era a intérprete. Agora, aos 84 anos, Lucinda Childs é também a intérprete.