Terceira longa metragem de Brady Corbet após “Childhood of a Leader” e “Vox Lux”, “O Brutalista” estreou-se na competição do ano passado do Festival de Veneza com uma aura de acontecimento em grande parte devida à obstinação de quem o criou. Corbet, que começou por ser notado como ator de Gregg Araki e da série “24”, convenceu-se de que seria um dia auteur por inteiro, cineasta com “C” maiúsculo e um think big no pensamento que rima em tudo com o seu novo trabalho. Pela escala, pelo elenco, pelo orçamento, pela ambição... Mas a lista não acaba aqui, porque “O Brutalista”, resultado de sete longos anos de trabalho (o cineasta também coassina o guião com a sua mulher, a norueguesa Mona Fastvold) foi filmado em película, no antigo formato VistaVision, extravagância ao alcance de poucos, e até foi estreado em cópia de 70 mm, juntando desde logo Corbet a outros puristas da película como Tarantino, Paul Thomas Anderson ou Christopher Nolan. No final da projeção, o cronómetro marca três horas e meia divididos por um intervalo de 15 minutos rigorosamente cronometrado no ecrã, sainete que marca a diferença e está longe de ser único. Antes disso, já a audiência viu desfilar obliquamente os créditos iniciais na tela, ou seja, tudo neste filme sublinha que o dito é 'ave rara'. Mais: faz questão de ser visto como tal.
Exclusivo
“Quis fazer um filme sobre a psicologia do pós-guerra e a forma como a arquitetura a refletiu”, revela Brady Corbet, autor de “O Brutalista”
Um arquiteto que sobreviveu ao Holocausto desembarca na América em “O Brutalista”, novo filme de Brady Corbet, com Adrien Brody. Conversámos com o realizador sobre um dos favoritos na corrida aos Óscares, que se estreia em Portugal esta quinta-feira