Antes do livro que motivou esta conversa, o português Francisco Bethencourt, professor no King's College (Londres), onde é titular da cátedra Charles Boxer, publicou, entre outros títulos, duas grandes obras sobre a Inquisição portuguesa e sobre o racismo, que se tornaram referência internacional. Agora chega um não menos substancial livro sobre a saga dos cristãos-novos, nome que se dava aos judeus se convertiam ao cristianismo. Especificamente, “Estranhos na sua Terra — Ascensão e Queda da Elite Mercantil Cristã-Nova (séculos XV-XVIII)”, publicado na Temas e Debates, foca-se na elite económica dentro dessa comunidade, por razões que o autor explica mais adiante. Antes, começa por esclarecer: “Este trabalho não seguiu de forma direta ou sequencial os que fiz anteriormente. Foi uma investigação completamente nova e independente.” Isto dito, admite que “se não tivesse dedicado tanto tempo e esforço aos estudos anteriores de dois dos problemas mais complexos e significativos da História, não estaria tão bem preparado para lidar com os desafios das questões novas que enfrentei”.
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“Até aos anos 70 havia a ideia, entre os historiadores, de que os cristãos-novos eram judeus dissimulados. Estão a dar a razão à Inquisição”
O triunfo e a tragédia dos cristãos-novos. Em “Estranhos na sua Terra”, o historiador Francisco Bethencourt partilha o fruto de uma longa investigação sobre os cristãos-novos, contestando algumas ideias feitas. Conversámos com o autor