Exclusivo

Culturas

Na fotografia de Nicholas Nixon tudo é essencial: das florestas urbanas de betão às mais nobres relações humanas

Nicholas Nixon (Detroit, 1947), conhecido pela famosa série das “Irmãs Brown”, que foram fotografadas todos os anos durante meio século, mostra toda a amplitude emocional do seu trabalho. Uma imperdível retrospetiva em Cascais do grande fotógrafo norte-americano

“As Irmãs Brown”, a série mais famosa do fotógrafo, 2022
Nicholas Nixon/Coleções Fundación MAPFRE

O meu entendimento da fotografia mudou no início dos anos 1980 com a descoberta do humanismo e arte de Nicholas Nixon. Já era um fanático do movimento fotográfico da Farm Security Administration (FSA), liderado pelo economista americano Roy Stryker nos anos 1930-40. Durante quase uma década, no tempo da Grande Depressão, fotógrafos como Walker Evans, Dorothea Lange, Arthur Rothstein, Marion Post Wolcott, etc. inventaram a fotografia neorrealista. O que eu não sabia, até encontrar a obra de Nixon, é que era possível combinar a realidade, por mais complexa que fosse, com claridade, rigor e limpeza. Nas imagens de Nixon tudo é essencial. Atente-se ao equilíbrio e solidez da composição e à limpidez das emoções que transmitem, quer se trate de uma floresta urbana de betão e vidro ou das mais nobres e traumáticas relações humanas, incluindo o amor pelo outro, frágil e vulnerável. Se Evans inventou a modernidade da fotografia humanista, Nixon atualizou-a meio século depois.