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Cinema: mais do que um conto de fadas subversivo, “Anora” é o nascimento de um amor

Estreia-se esta quinta-feira o novo filme de Sean Baker sobre uma América em perda, onde o sonho acaba em fracasso. E tudo começa com o casamento inesperado de Ivan, filho de um oligarca russo, e Anora, uma stripper de Brooklyn. Vencedor da Palma de Ouro de Cannes 2024, pode vir a brilhar nos Óscares

Mark Eydelshteyn e a estupenda Mikey Madison são Ivan, filho de um oligarca russo, e Ani, uma stripper. Juntos protagonizam uma espécie de “Pretty Woman” do avesso
Augusta Quirk 2024/Anora Productions/LLC

Novo filme de Sean Baker, “Anora” é uma ficção e foi como tal que se apresentou ao mundo em maio, no Festival de Cannes, conquistando uma fabulosa Palma de Ouro absolutamente inesperada pelo cineasta americano. Um carrossel de emoções, escreveu-se então sobre esta comédia endiabrada que também magoa, como as coisas que importam na vida. E no entanto poucos filmes nos falam tanto da América de hoje e de uma realidade nua e crua, quase palpável. A protagonista, que dá nome ao filme e a quem todos tratam por Ani (Mikey Madison, estupenda), é uma stripper de Nova Iorque que, numa certa noite, conhece Ivan, rapaz imberbe de 21 anos (Mark Eydelshteyn), filho de um oligarca russo a transbordar de dinheiro. Ivan está a passar uma temporada de farra num inverno solitário em Brooklyn, em Nova Iorque. E quando convida Ani a visitá-lo na sua mansão, contratando os serviços dela em vésperas de um Ano Novo, nem um nem outro adivinham que, dali a momentos, se vão meter num jato privado e acabar casados em Las Vegas — mais um devaneio das noites tóxicas.