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Na rota das especiarias: os 60 anos dos portugueses nas Ilhas Molucas

Em “Spice”, Roger Crowley explica como a avidez ibérica pelo cravinho e a noz-moscada transportou o duelo entre Portugal e Espanha para o “labirinto infernal” das ilhas Molucas, no outro lado do mundo

“O Leilão que se Faz cada dia pola menhã na Rua direita na Cidade de Goa Feito Polo natural por Ioan de Linschoten framengo” (c. 1596)
Getty Images

Nove anos depois de “Conquerors” (“Conquistadores”, na edição portuguesa), o escritor britânico Roger Crowley volta a mergulhar na história do império português na Ásia. O novo livro, “Spice”, é uma espécie de sequela, igualmente repleta de naufrágios, batalhas navais, espionagem, diplomacia — e violência extrema. Em “Conquerors”, Crowley escreveu sobre os primeiros 30 anos da presença portuguesa na Ásia. Nesse período, Portugal — um país pobre e pequeno, com cerca de um milhão de habitantes — assegurou a conquista do oceano Índico e criou o primeiro império global. “Spice” (Especiaria) retoma o fio da história e cobre as seis décadas seguintes, de 1511 a 1571, quando Portugal e Espanha disputaram o controlo das ilhas Molucas, na altura a única fonte mundial do cravinho e da noz-moscada. Estas especiarias, extremamente valorizadas nos mercados europeus, proporcionavam lucros prodigiosos.