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Culturas

Soares dos Reis, Porto, 10 de junho 1974: a história e a exposição de um museu ressuscitado

A 10 de junho de 1974, o meio artístico do Porto encenou o enterro do Museu Nacional Soares dos Reis, para logo ali iniciar uma caminhada materializada anos mais tarde no Museu de Arte Contemporânea de Serralves. Uma exposição revisita a história

“Enterro do Museu”, ato performativo encenado em frente às portas do MNSR
Joaquim Pinto Vieira

Cá fazia primavera. Era uma segunda-feira. O 25 de Abril tinha sido há apenas um mês e meio. O país revolvia-se de norte a sul. Aquele 10 de junho de 1974, feriado nacional, mantinha os resquícios de uma celebração inspirada no ideário do fascismo luso e continuava a assinalar o “Dia de Portugal, de Camões e da Raça”. No Porto, para um vasto conjunto de artistas aglutinados à volta da Cooperativa Árvore, da Seiva Trupe, do Teatro Experimental e do Cineclube, e quase todos eles com ligações diretas ou indiretas à Escola de Belas-Artes, o tempo era de rutura. Ainda assim em festa. Com humor. Num ato performativo marcado por uma radicalidade tranquila, encenada em frente ao Museu Nacional Soares dos Reis (MNSR), com cortejo iniciado na Cooperativa Árvore, decretavam a morte do museu, adornada com a mais contraditória e subversiva das proclamações: “Viva o Museu”.