Em novembro de 1966, Yoko Ono foi a Londres para a inauguração de “Unfinished Paintings & Objects”, uma exposição de trabalhos dela na Indica Gallery. Paul McCartney, um dos financiadores da galeria, insistiu para que todos os Beatles fossem à antestreia desta exposição de uma “artista avant-garde japonesa a viver na América”. John Lennon aceitou o convite. Uma das peças da exposição chamava-se “Ceiling Painting/Yes Painting”: um enorme escadote branco, que John trepou, seguindo as instruções da artista. Lá em cima, ele pegou na lupa e conseguiu ler a palavra “Yes” que estava escrita minuciosamente e em letras pequeninas num painel no teto. John Lennon sorriu. Achou piada a esta versão japonesa do humor britânico absurdo. Noutra peça, “Painting to Hammer a Nail”, Ono convida os visitantes a martelar pregos enormes numa tela de madeira branca. A ideia/conceito por trás desta obra coletiva é a anulação do papel habitualmente privilegiado do artista como criador a título individual. Na noite de antestreia, a tela estava naturalmente intacta. Mas a japonesa brincou com Lennon e disse-lhe que poderia martelar um prego se ele lhe pagasse cinco xelins. John Lennon rejeitou a proposta: “Vou pagar-te cinco xelins imaginários e martelar um prego imaginário.” Ela ficou encantada com a resposta. A arte conceptual acabava de servir de cupido casamenteiro. John e Yoko passariam juntos grande parte dos 14 anos seguintes.
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Justiça para Yoko Ono: uma artista de verdade na grande exposição em Londres
Na Tate Modern, em Londres, a exposição “Yoko Ono: Music of the Mind” percorre momentos-chave do percurso da artista de 91 anos entre o Japão natal, os Estados Unidos e Inglaterra, país onde conheceu John Lennon, marido e cúmplice criativo. Arte conceptual, música, cinema e performance: tudo isto era Yoko Ono. Vamos a tempo de compreendê-la