O novo filme de Sofia Coppola é muito coerente com a obra da cineasta e impõe o seu espaço, insiste com surpresa em ficar na memória, meses após ter sido visto. A realizadora americana volta a apresentar-nos uma adolescente disposta a bater-se pela sua identidade e pela sua subjetividade. Defende-a com brio, com estilo, em trabalho consistente. Essa adolescente, que veremos ao longo do filme tornar-se mulher, vive numa base militar da Força Aérea americana na Alemanha, por causa da profissão do pai, militar de carreira. Chama-se Priscilla Beaulieu e aborrece-se de morte, aspeto igualmente coerente nestas paragens já que o tédio — e aquela sensação de vazio que dá valor aos tempos mortos — costuma ser uma estratégia de sobrevivência das personagens dos filmes de Sofia, todo um assunto que a cineasta gosta de explorar dramaticamente. Ora, enquanto se aborrece, vai Priscilla conhecer um tal de Elvis Presley, também ele militar, mais velho que ela dez anos.
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Em “Priscilla”, Sofia Coppola traz a mulher que casou com Elvis (e o seu tédio) para primeiro plano
Estreia-se esta quinta-feira “Priscilla”, novo filme de Sofia Coppola sobre uma jovem mulher que casou com a maior estrela do seu tempo, Elvis Presley, sem abdicar de lutar pela sua identidade. Conversámos com a realizadora sobre a biopic de Priscilla Presley, na qual Elvis é apenas uma silhueta